Minha Casa dos Horrores (MCDH)
Capítulo 73: Vermelho e Preto
Tradução: Sky | Revisão: JM | QC: Sparky
Chen Ge caminhou em direção ao prédio, muitas perguntas apareceram na sua mente. Os dois viviam em uma situação tão deplorável, isso significava que eles não tinham tantos recursos. Apesar disso, no parque a mulher sacou rapidamente 100 RMB para o garoto ir para Casa Assombrada. Isso demonstrava o quanto ela se importava com a criança. E mesmo assim o menino a tratava com uma indiferença cruel. Durante o tempo na Casa Assombrada o garoto só pronunciou duas frases e ambas foram direcionadas a Chen Ge. A criança parecia não gostar nenhum pouco da mulher.
– Será que a causa são seus problemas mentais, ou é trabalho de algo mais sinistro?
Após subir as escadas Chen Ge percebeu que, no segundo andar havia apenas um inquilino morando. O corredor estava varrido e limpo e haviam roupas penduradas em um varal.
— Tem alguém aí?
A porta estava aberta, mas Chen Ge ainda bateu por cortesia.
— Estou entrando.
Era possível escutar passos vindos de dentro do apartamento. Quando viu Chen Ge ela ficou visivelmente atônita.
— Por que está aqui? Causamos algum dano durante o passeio na Casa Assombrada?
A mulher perguntou.
— Não, não é essa a razão da minha visita. Eu apenas estou curioso com a situação do garoto, e tenho algo a perguntar para ele.
Chen Ge percebeu que ela não parecia querer deixa-lo entrar, então continuou:
— Eu tenho alguns amigos na Universidade Médica de Jiujiang, e eu pensei que eles poderiam ajudar.
— Obrigado, mas está tudo bem.
A mulher falou sem pensar duas vezes, e de novo, Chen Ge achou que estava sendo muito apressado.
— Eu realmente não sou uma má pessoa. Pode procurar no seu celular as Notícias da Manhã de Jiujiang.
Como a mulher não se moveu, Chen Ge pegou seu próprio celular e buscou por um artigo sobre ele ajudando a resolver o caso dos Apartamentos Ping An.
— Olhe, uma vez eu ajudei a polícia a resolver um caso arquivado e recebi uma medalha de honra por isso.
Chen Ge entregou o celular para a mulher e ela deu uma olhada.
— Um Streamer Sobrenatural preso foi finalmente resgatado pela polícia? A intrepidez de um operador de uma Casa Assombrada quase causou sua morte?
— Ignore as manchetes, deve ter uma foto minha dentro do artigo.
Chen Ge explicou por um longo tempo antes que a mulher deixasse a suspeita de lado. Ela devolveu o celular para Chen Ge.
— Entre e sente-se, mas deixe a porta aberta.
— Okay.
A mulher levou Chen Ge para “sala de estar”, que estava mais para um espaço de três metros quadrados com uma mesa no centro e duas camas jogadas nos cantos.
— Perdoe a bagunça, não esperávamos nenhuma visita, gostaria de algo para beber?
A mulher estava constrangida. Naquele momento, Chen Ge conseguiu ver a sombra do garoto sobre a dela.
— Não será necessário. Só quero perguntar algumas coisas sobre os pais do menino.
Chen Ge pegou o celular para gravar qualquer coisa que considerasse importante.
— Já faz tanto tempo, por que perguntar por isso agora?
Apesar disso a mulher se sentou de frente para Chen Ge, e contou tudo que tinha acontecido no Colégio Mu Yang há três anos.
Três anos atrás o Colégio Mu Yang ainda era uma escola normal. Naquele dia de verão, havia chovido. Quando os pais do garoto voltaram para casa o garoto tinha desaparecido, os pais foram procurar, depois quem voltou foi o menino e não eles.
– Isso faz parecer que o motivo para o sumiço dos pais também é o garoto… – Chen Ge gravou, no celular, os principais pontos explicados pela mulher. E tentou recriar o acontecimento.
Os pais de Fan Yu perceberam a falta de seu filho quando voltaram do trabalho. Quando o procuraram sob uma forte chuva, o último lugar em que foram vistos era desconhecido, mas seus corpos possivelmente estavam presos em baixo do poço de água no Colégio Mu Yang e o garoto provavelmente foi a única testemunha de tudo o que aconteceu.
E também era muito provável de que ele tenha ficado assim por ter testemunhado tudo.
Chen Ge olhou para mesa e franziu as sobrancelhas. Ele pegou o celular preto para olhar os detalhes das Missões Secundárias da Escola do Além. A descrição da Missão Secundária 6, “Poço Profundo”, era “Um irmão e uma irmã foram à escola, mas como nenhum retornou?”
O celular preto não errava, então o que o par de irmãos tinha haver com os pais de Fan Yu? De acordo com a dica no telefone preto, foram os irmãos que caíram no poço e não os pais do garoto. Qual seria a razão por trás disso?
Chen Ge guardou o celular preto, e olhou para a mulher, ela estava com lagrimas nos olhos. Sem segurança ele perguntou:
— Fan Yu é filho único? Ele tem irmãos e irmãs?
No momento que ele pronunciou a pergunta, a expressão da mulher mudou. Afundando as unhas na própria pele, as lagrimas rolaram livremente.
— Se o acidente não tivesse ocorrido com os meus dois filhos, então Xiao Yu teria um irmão e uma irmã para brincar.
(Sparky: Na cultura chinesa é normal chamar alguém mais novo por Xiao que significa pequeno.)
— Seus filhos?
Antes de Chen Ge entrar na sala, ele percebeu que as roupas penduradas no varal do lado de fora, eram femininas e infantis, então ele assumiu que ela não era casada.
— Eles morreram ainda muito novos, eram apenas crianças.
A mulher estava à beira de um colapso. Ela deixou escapar um pedido de desculpas antes de fugir para a cozinha para se recompor.
– Então, Fan Yu tem um irmão e uma irmã, porém pela descrição da mulher, eles morreram faz muito tempo. Por que o telefone preto fala que o par de irmãos não voltou da escola? Porque meras crianças iriam à escola*? O celular preto está errado ou a mulher está mentindo? Ou Fan Yu estava alucinando?
(Nt.: O termo que aparece para “criança” significa crianças muito novas menos de 4 anos aproximadamente, ou seja, “crianças” que estão no pré-escolar e não na escola, seguindo o modelo de estudo brasileiro no caso)
A mulher ficou na cozinha por bastante tempo. Chen Ge se levantou e foi em direção ao único outro quarto da casa. Fan Yu deveria estar ali; ele era a peça chave desse mistério.
Chen Ge abriu a porta, e o quarto em que ele entrou estava muito limpo. Fan Yu estava sentado à mesa, aparentemente escrevendo algo. Chen Ge andou até o menino e olhou sobre seus ombros, Chen Ge percebeu que ele estava desenhando, e tinha uma preferência pelas cores vermelha e preto.
— Xiao Yu, o que está desenhando?
Com medo de que pudesse assustar o garoto, Chen Ge falou com um tom suave, o menino se virou e olhou para Chen Ge, mas não respondeu. Logo depois virou de novo para se concentrar no seu desenho.
Conforme ele continuava a colorir, o desenho no papel começou a tomar forma.
Em uma casa totalmente preta, residiam vários pequenos humanos vermelhos.
Depois de terminar o garoto amassou o papel e o jogou no chão, antes de começar um novo desenho.
Chen Ge ficou em pé observando-o desenhar por um longo tempo. Ele percebeu que o tema central de seus desenhos eram duas coisas, uma casa preta e pessoas vermelhas.
− O que ele está tentando dizer? − Chen Ge pegou o desenho finalizado do chão e desamassou. Depois de estudá-lo por alguns momentos, ele silenciosamente colocou-o no bolso.